TACLOBAN - O temor pela violência e pela ação de bandidos fez com que algumas agências humanitárias reduzissem os trabalhos de ajuda nas Filipinas. O caos e a selvageria tomaram conta do arquipélago asiático após a passagem do tufão Haiyan, considerado um dos mais potentes da História. Desesperados e famintos, sobreviventes da tempestade disputam comida, água, medicamentos e a chance de serem resgatados.
Trabalhadores humanitários foram aconselhados a não se movimentarem em Tacloban, uma das cidades mais afetadas pelo fenômeno. Alguns funcionários da ONU já haviam sido retirados por razões de segurança, segundo o jornal britânico “Guardian”. E a ONG Plan International retirou todos os 15 de seus empregados - normalmente baseados em Tacloban - até que a segurança seja restaurada na cidade, de acordo com o porta-voz Ian Wishart.
Aeronaves militares americanas carregadas de suprimentos estão a caminho das Filipinas nesta quinta-feira, o que deve impulsionar os trabalhos de socorro. O porta-aviões USS George Washington está previsto para chegar à costa do país também hoje.
Na quarta-feira, histórias de violência elevaram as tensões em cidades que não restaram um edifício ou árvore de pé. Oito pessoas morreram no município de Alangalang, na província de Leyte, quando milhares de filipinos invadiram um depósito de arroz do governo para realizar saques, provocando o desabamento de um muro.
O comboio da Cruz Vermelha filipina foi atacado por homens armados que mais tarde foram mortos a tiros pela polícia, e um menino de 13 anos foi esfaqueado no pescoço e no estômago por homens desconhecidos, informou a agência AFP.
Houve relatos não confirmados de que os presos de uma penitenciária local, que haviam rompido suas celas após a tempestade, atacaram pessoas que transportavam suprimentos na ponte de San Juanico, que liga Tacloban à ilha de Samar.
No vilarejo de Abucay, que fica na cidade de Tacloban, outro episódio de vandalismo. Forças de segurança trocaram disparos com homens armados durante saques em lojas e depósitos de água, comida e outros suprimentos.
Para evitar a propagação de doenças, autoridades locais e entidades religiosas começaram na quarta-feira a cavar valas comuns para os mortos. À noite, o prefeito de Tacloban, Alfred Romualdez, conduziu um enterro coletivo em um cemitério nos arredores da cidade. Autoridades disseram que tinham sido feitos todos os esforços para garantir que os corpos pudessem ser identificados nas próximas semanas.
O número oficial de mortos chegou a 2.357, consideravelmente menor que os 10 mil estimados pelas Nações Unidas. Trabalhadores humanitários afirmam que a falta de informações em diversas áreas - cerca de 29 municípios foram atingidos - poderia significar que a devastação é muito maior.